A vida cristã nos traz muitos desafios, mas um dos maiores é manter o amor fervoroso e intenso por Jesus ao longo do tempo. Essa dificuldade é o que Jesus chamou de “abandonar o primeiro amor” ao falar à igreja de Éfeso:
“Tenho, porém, contra você o seguinte: você abandonou o seu primeiro amor”
Quando nos referimos a esse “primeiro amor,” falamos daquela paixão inicial, o entusiasmo e a alegria que sentimos quando nos encontramos com Cristo pela primeira vez. Mas, com o passar dos anos, é comum que essa intensidade comece a diminuir, tornando-se um dos maiores desafios para os cristãos.
O DESGASTE NATURAL NOS RELACIONAMENTOS
Assim como em qualquer relacionamento humano, o nosso relacionamento com Deus pode sofrer com o desgaste natural das rotinas e das ocupações da vida. No início de um relacionamento, seja com um amigo, cônjuge ou mesmo com Cristo, há uma disposição maior em agradar, em dedicar tempo e atenção. Mas, com o tempo, essa intensidade pode diminuir, e o que antes era fervoroso se torna apenas mais uma parte da rotina.
No início de nossa caminhada com Jesus, muitas vezes estamos cheios de zelo, ansiosos para servir e passar tempo em oração. No entanto, se não tivermos cuidado, nossa devoção pode se tornar mecânica, como se estivéssemos apenas cumprindo uma obrigação. E esse é o perigo que Jesus alertou à igreja de Éfeso: eles estavam realizando boas obras, perseverando nas dificuldades, mas haviam perdido o amor inicial, aquela chama que os movia a fazer tudo por amor a Deus, não apenas por dever.
OS DESAFIOS DIÁRIOS
Um dos maiores inimigos desse “primeiro amor” é a rotina e o convívio com o pecado à nossa volta. Mesmo que não estejamos cometendo pecados propriamente ditos, o simples fato de vivermos em uma sociedade onde a maldade e a corrupção estão em todo lugar pode nos fazer perder a sensibilidade espiritual. Jesus advertiu: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12). Isso nos mostra que, ao vivermos constantemente em um ambiente contaminado pelo pecado, podemos nos acostumar a ele.
Além disso, as distrações e as preocupações do dia a dia podem roubar nosso foco de Cristo. O trabalho, as responsabilidades familiares e até mesmo as bênçãos que recebemos de Deus podem se tornar distrações, se permitirmos que elas tomem o lugar da nossa devoção ao Senhor. Um exemplo claro disso está na história de Marta e Maria:
“Marta, Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia, apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.”
Muitas vezes, fazemos o mesmo: nos ocupamos tanto com as responsabilidades que esquecemos de priorizar nosso relacionamento com Deus.
A SOLUÇÃO: BUSCAR PROFUNDIDADE
Para superar essa dificuldade, precisamos buscar maior profundidade em nosso relacionamento com Cristo. Na parábola do semeador, Jesus fala sobre a semente que cai em solo pedregoso, onde brota rapidamente, mas por não ter raízes profundas, morre com o calor das provações. Ele explicou:
“Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas não têm raiz; creem apenas por um tempo e, na hora da provação, se desviam.”
Isso nos ensina que, se nossa fé for superficial, sem profundidade, será facilmente abalada pelas dificuldades da vida.
A profundidade espiritual vem do tempo que investimos em nosso relacionamento com Deus. Isso significa passar tempo em oração, meditar na Palavra, participar da comunhão com outros irmãos e servir ao Senhor com sinceridade. Quanto mais profundo for nosso relacionamento com Deus, mais fortalecidos estaremos para enfrentar as provações e manter o “primeiro amor” vivo.
O CAMINHO DE VOLTA AO PRIMEIRO AMOR
Se em algum momento sentirmos que o nosso amor por Cristo esfriou, a boa notícia é que há um caminho de volta. Jesus nos instrui:
“Lembre-se, pois, de onde você caiu. Arrependa-se e volte à prática das primeiras obras”.
Isso significa que o primeiro passo para restaurar o amor por Cristo é lembrar de como éramos no início, quando nossa fé era nova e vibrante.
O segundo passo é nos arrepender. Precisamos reconhecer que a perda do amor por Deus não é apenas uma falha, mas um pecado que precisa ser tratado.
“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpem as mãos, pecadores, e purifiquem os corações, vós que sois de ânimo dobre. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai”.
Isso exige uma atitude sincera de arrependimento diante de Deus, pedindo que ele renove o nosso coração e restaure nossa paixão por ele.
Devemos voltar às práticas que alimentavam nosso relacionamento com Cristo. Isso inclui retomar hábitos como a oração, a leitura e estudo da Palavra, e a busca pela presença de Deus. É nesse retorno às práticas simples e sinceras que encontramos a renovação do nosso amor por Ele.
Manter o “primeiro amor” por Cristo é, sem dúvida, uma das maiores dificuldades do cristão, porque exige vigilância constante, dedicação e um coração voltado para Deus acima de todas as coisas. No entanto, é também um desafio que vale a pena enfrentar, pois nos leva a uma vida plena, onde nosso amor por Deus é renovado a cada dia.
Se em algum momento nosso amor por Cristo esfriar, sempre há a oportunidade de voltar, lembrando, arrependendo e retornando às práticas que fortalecem nosso relacionamento com Ele. Que possamos, diariamente, buscar essa renovação, permitindo que o Espírito Santo reacenda em nós o amor que nos leva a viver de maneira plena para a glória de Deus.
TEXTO BASEADO NO LIVRO “DE TODO CORAÇÃO” DE LUCIANO SUBIRÁ. ADQUIRA JÁ EM LOJA.ORVALHO.COM