JEJUM, PEDIDOS E A VONTADE DE DEUS
Quando falamos de jejum, é comum imaginar um esforço espiritual intenso para “mexer” com o coração de Deus. Muitos cristãos, em algum momento, já fizeram jejum acreditando, ainda que de forma sutil, que quanto maior for o sacrifício, maior a chance de Deus responder exatamente como pediram.
Mas, ao longo do tempo, quem jejua e ora com sinceridade acaba descobrindo algo importante:
O jejum não foi dado para manipular a vontade de Deus, e sim para alinhar o nosso coração com ela.
QUANDO JEJUAR VIRA MOEDA DE TROCA
O Jess Strickland no livro “FAMINTOS” diz que já fez jejuns de um dia, três dias, sete, vinte e um e até quarenta dias. Também começou jejuns que não conseguiu terminar. No começo da caminhada com Jesus, ele acreditava que jejuar tornava seus pedidos mais “fortes” diante de Deus. Era como se o jejum fosse um acréscimo de peso espiritual à oração, aumentando a “obrigação” de Deus em responder.
Após um tempo, ele começou a registrar os pedidos feitos em oração, com um grupo de irmãos que orava todos os dias. Alguns pedidos foram atendidos, outros não. E surgiu um questionamento: as respostas vieram porque eles oraram tanto, ou porque Deus, em sua providência, já cuidaria daquilo de qualquer forma?
Para pedidos realmente grandes, que exigiam uma intervenção clara de Deus, a percepção era ainda mais desconfortável: as respostas não vinham como eles esperavam. Isso o levou a concluir que seus pedidos e jejuns não estavam mudando a mente do Pai.
O que, então, estava acontecendo?
Aos poucos, ele entendeu:
“Meus pedidos submetem meu coração à vontade do Pai e acolhem o que Ele fará de qualquer maneira.”
Ou seja, a oração e o jejum não serviam para “convencer” Deus, mas para tratar a ansiedade, a intenção, a postura interior. Era o coração dele que estava sendo trabalhado, e não a agenda de Deus que estava sendo rearrumada.
O LUGAR DOS PEDIDOS NA ORAÇÃO
Essa percepção não diminui o valor da oração. Paulo escreve:
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, por meio da oração e da súplica, com ação de graças, apresentem os seus pedidos a Deus.”
(Filipenses 4.6)
Note que Paulo fala de “oração” e “pedidos” como elementos distintos, ainda que relacionados. Ambos são feitos com ação de graças, e ambos têm um papel fundamental: tirar a ansiedade do nosso coração e colocá-la diante de Deus.
Quando apresentamos nossos pedidos ao Senhor, algo acontece, mesmo que a resposta não venha como imaginamos, a preocupação é substituída pela paz (Fp 4.7).
Lançar a ansiedade sobre Deus é uma oração que sempre é respondida. Talvez não na forma exata como gostaríamos, nem na ordem que planejamos, mas com a certeza de que ele cuida.
Por isso, continuar apresentando “meus pedidos” não é perda de tempo, mas semear confiança, dependência e humildade.
DEUS PROVÊ, MAS TAMBÉM NOS CHAMA A SEMEAR
Há um cuidado de Deus que é universal, que recai sobre toda a criação:
“Observem os corvos: não semeiam nem colhem, não têm armazéns nem celeiros; contudo, Deus os alimenta. Vocês têm muito mais valor do que as aves!”
(Lucas 12.24)
E Jesus também diz que o Pai faz chover sobre justos e injustos (Mateus 5.45).
Isso significa que há provisões que Deus dá simplesmente porque ele é bom, independentemente da intensidade das nossas orações.
Ainda assim, Paulo nos alerta:
“Não se enganem: de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também colherá […] quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna.”
(Gálatas 6.7–8)
Deus cuida de nós de forma geral, com provisões comuns. Mas também estabeleceu uma lei espiritual de semeadura e colheita: o que plantamos, colhemos.
Se vivemos sem falar com Deus, sem apresentar nossos pedidos, sem buscar a vontade dele, nós também estamos semeando algo: uma vida que se acostuma à ideia de que Deus não provê e não se importa. Isso afeta a colheita futura, inclusive na sensibilidade espiritual.
Nesse lugar de intimidade, descobrimos que a maior resposta não é quando Deus faz o que queremos, mas quando ele nos transforma para desejar o que ele quer.
ESTUDO BASEADO NO LIVRO “FAMINTOS” DE JESS STRICKLAND. ADQUIRA JÁ EM ORVALHO.COM