Depois da perda de seus filhos a primeira coisa que Efraim fez foi chorar e fez isso por muitos dias. Diante disso reconheço a importância de algo que muito relutam em aceitar: aprender a externar a dor. Essa é uma lição importante. Muitos negam sua dor, sua perda, e nunca extravasam o que está no interior, isso é um erro. Não concordo que “homem não chora” como diz o antigo ditado popular. Jesus chorou e vários homens de Deus, como demonstram as escrituras, também choraram. Chorar faz bem. Mais que um desabafo, trata-se de um reconhecimento perante Deus de nossa limitação e impotência. Entretanto, é fundamental compreender que o choro não é um ato contínuo, ele tem prazo de validade, tem tempo para durar e terminar. Ou seja, chore, mas recuse-se a viver chorando.
A segunda coisa que Efraim fez foi se deixar consolar. A Bíblia revela que “os irmãos dele foram consolá-lo”. A palavra traduzida do hebraico por irmãos é “ach” que se refere tanto a irmãos de sangue como a outros parentes e até mesmo aos compatriotas de modo geral. Tendo em vista que Efraim só tinha um irmão, Manassés, e a nação era pequena. Pode ser que a palavra aqui empregada sugira os parentes de convívio mais próximo. A segunda lição que o filho de José nos oferece, portanto, é que precisamos aprender a receber consolação e encorajamento dos irmãos, seja de sangue, seja da fé Infelizmente na hora da dor alguns isolam-se e desconectam-se das pessoas que poderiam fortalecê-los. O livro de provérbios aponta que “o solitário busca o seu próprio interesse e se opõe a verdadeira sabedoria” (Provérbios 18:1). Ou conforme a tradução da NVT: “quem vive isolado se preocupa apenas consigo e rejeita todo bom senso”. Com base nesse provérbio, meu amigo Danilo Figueira comenta que “a atitude de isolamento é egoísta, rebelde e burra”. E explica: “Egoísta porque busca seu próprio interesse, rebelde porque é um ato de oposição e insurreição, e burra porque é contrária a verdadeira sabedoria”.
Resumindo: não é sábio isolar-se. Somos seres sociais criados para convívio comunitário, precisamos uns dos outros. Os irmãos de Efraim quererem ir ao encontro dele afim de consolá-lo é algo admirável. Todavia, se ele não estivesse receptivo a eles de nada adiantaria. É inegável que eles tiveram um papel relevante e determinante na questão do consolo. Acho que cabe aqui distinguir empatia de consolo. A Bíblia diz que devemos chorar com os que choram (Rm 12:15). Acontece que somente chorar pode significar simples empatia e identificação com a dor do outro, sem que isso resulte numa ação concreta em favor dele. Mas podemos e devemos ir além disso. As Escrituras também determinam que consolemos uns aos outros (2 Co 13.11; 1 Ts 5.11). Portanto, mais que chorar junto, mais que apenas entender a dor do outro devemos oferecer consolo. Receber consolo de amigos parentes irmãos na fé é algo precioso. Não nos esqueçamos, porém, que acima de tudo em primeiro lugar devemos aprender a buscar forças em Deus como fez Davi (1 Sm 30.6).
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.