Qual a verdadeira definição de santidade segundo a Bíblia? Sabe-se que Jesus foi desprezado por muitos de sua época porque andava com pessoas que aos olhos da sociedade não eram bem vistas, mas a verdade é que Ele veio para aqueles que conseguiam enxergar a sua própria doença.
A santidade de Cristo atrai os pecadores e repele os religiosos. É preciso ser santo como Ele é santo. Por meio da vida de Jesus aqui na terra é possível ver que a santidade só se distancia do orgulho. Os fariseus e escribas religiosos eram pecadores, assim como Zaqueu e a mulher adúltera, mas não conseguiam reconhecer o próprio pecado, a soberba os cegava e os afastava do próprio Deus.
“Na outra carta, já escrevi a vocês que não se associassem com os impuros. Refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, aos avarentos, ladrões ou idólatras, pois, neste caso, vocês teriam de sair do mundo. Mas, agora, escrevo a vocês que não se associem com alguém que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, bêbado ou ladrão; nem mesmo comam com alguém assim. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Mas será que vocês não devem julgar os de dentro? Os de fora, esses Deus julgará. Expulsem o malfeitor do meio de vocês.”
Em sua carta aos coríntios Paulo é claro ao se referir aos impuros, falava não dos que são do mundo, mas aqueles que se dizem cristãos, entretanto, continuam com práticas do velho homem. É preciso viver em santidade, imitar a Cristo, deixar velhas práticas e viver em arrependimento. Em seu livro Fora do Alcance das Crianças, Drummond Lacerda define santidade como influência, não como viver afastado do pecador:
“As pessoas só viram o quanto sua vida estava sem sabor, quando o sal chamado Cristo se relacionou com elas. Elas só enxergaram seu pecado, quando a Luz do mundo esteve entre elas. Santidade não é afastamento do pecador; é influência sobre ele. O santo não é influenciado, ele é o influenciador.”
A influência é o ponto-chave da santidade. Agora, muitas vezes é preciso afastar-se de certas pessoas ao sentir a incapacidade de influenciar, quando não há maturidade o suficiente, a tendência de ser levado pelo pecado é maior, porém ao reconhecer esse cenário é mais um passo em direção à maturidade.
GRAÇA É O EQUILÍBRIO
A graça fala do amor, misericórdia e favor de Deus, concedidos a quem não merece. Ela atribui a compaixão para que o olhar sobre o próximo seja redimido. Pela graça o foco da santidade não é apenas individual, mas uma vida com a intencionalidade de ajudar os outros a serem santos.
A santidade precisa da graça, assim como a graça precisa da santidade. É preciso ser verdadeiro e lutar pela verdade, com graça para abençoar quem está perto. Apontar para a cruz que mostra como o pecado é terrível, mas que em Cristo há perdão.
Não ser duro demais a ponto de afastar o pecador e se colocar em um lugar de superioridade, mas também, não ser frouxo a ponto de não falar a verdade. Equilíbrio.
Para alcançar esse equilíbrio é indispensável reconhecer a necessidade pessoal da graça e do amor de Deus. Só assim esse amor será transmitido para os outros. A verdade dita em mansidão não se torna uma condenação, mas, sim, em amor às pessoas. Deus amou o mundo, entretanto proibiu a amizade com ele.
“Uma igreja que apenas corrige, sem encorajar, formará desanimados. Quem apenas anima, sem corrigir, produzirá iludidos. O equilíbrio entre animar e corrigir estabelecerá cristãos maduros.” Drummond Lacerda
RESPONSABILIDADE versus PASSIVIDADE
O equilíbrio é a marca da maturidade na pessoa de Cristo. Ser cristão é ser chamado para viver a vida de Cristo. Quem não vive no equilíbrio não está vivendo a vida de Cristo!
Existem aqueles que se firmam na graça sem levar em conta a santidade, uma vida passiva onde Deus faz tudo e não é necessário fazer nada. Outro acreditam que pelas suas responsabilidades é que trazem a condenação. Um peso excessivo sobre as próprias vidas e as daqueles que os cercam.
É claro que o cristão tem suas responsabilidades, como orar, jejuar, viver em santidade, ser uma testemunha do evangelho, trabalhar, entre outras coisas. Mas sem a graça de Deus, nada disso seria possível. A graça torna o crente em Jesus capaz de cumprir as suas responsabilidades.
Compreender a graça traz capacidade para a dependência de Deus, que diferente da passividade, é um motivador. Deus faz, mas é preciso postura. Deus cura, mas é preciso levantar e tocar em sua veste.
“A graça não retira as nossas responsabilidades; ela anula o nosso mérito.” Autor desconhecido
A Palavra diz que tudo o que o homem pode receber é pela graça, mas também ensina que, para que haja colheita é preciso plantar. Para receber é preciso pedir. Para que a porta seja aberta é preciso bater.
“Quando a dependência não se mistura com ousadia no agir, ela se torna passividade. Quando a ousadia não tem dependência de Deus, ela é impulsiva, orgulhosa e carnal. Mas, se a dependência e a ousadia estão juntas, temos a eficácia de toda mensagem do evangelho.” Drummond Lacerda e Bráulio Brandão – Entrando no céu e mudando a história 2008
Texto baseado no livro FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS DE DRUMMOND LACERDA
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.