Vemos de forma clara um princípio importante no versículo abaixo:
“…aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará”
Isto fala da colheita na exata proporção do plantio! Deus não impõe o quanto devemos plantar. Cada um semeia segundo propôs em seu coração. A decisão é nossa! Usamos da nossa vontade e poder de escolha para determinarmos o quanto semearemos!
Não é Deus que decide o quanto eu semeio! Sou eu mesmo que faço a minha escolha e tomo a minha decisão! Contudo, ninguém colhe mais do que aquilo que semeou! Ou seja, o tamanho da colheita também não é determinado por Deus. Ao permitir que nós tomemos a decisão sobre o quanto plantaremos, Deus também deixou em nossas mãos o poder de determinarmos o quanto colheremos!
Nós mesmos determinamos o quanto plantamos. E, ao mesmo tempo, determinamos a colheita, pois ela sempre é proporcional à quantia de sementes que plantamos. Ninguém poderá dizer que Deus o forçou a plantar, mas também não poderá reclamar com Deus por não estar colhendo! Se quisermos “romper” na área financeira e andar na bênção do Senhor, teremos que plantar mais!
HÁ UM TEMPO ESPECÍFICO
Outro aspecto que deve ser enfatizado é que a colheita não é automática, mas precisa de tempo. Alguns plantam a semente num dia, e, no outro, já estão cavando a terra para verem porque ela ainda não brotou. Eu colho hoje a semente que eu plantei ontem, e colherei amanhã a semente que eu estou plantando hoje. Há um processo por trás desta lei, e as coisas não são imediatas, mas a colheita é certa e não falhará!
Estou colhendo hoje algumas sementes financeiras que eu plantei há muitos anos atrás e que eu nem imaginava que ainda tivessem a possibilidade de produzirem frutos.
No reino espiritual não ocorre a mesma cronologia de desenvolvimento e amadurecimento da semente que ocorre no reino natural. Mesmo depois de germinar, a semente ainda tem diante de si todo um processo de desenvolvimento e amadurecimento, antes de chegar o momento da colheita.
Jesus apresentou este processo na seguinte ordem:
“Primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.”
Muitas vezes podemos colher num tempo que aos nossos olhos parecerá ser rápido, e, em outras situações, talvez colhamos num tempo que nos parecerá demorado. O fato é que a colheita somente poderá ocorrer quando o fruto estiver pronto.
A SEMENTE TEM QUE MORRER
Outra verdade importante sobre a Lei da Semeadura e Ceifa, e que também precisa ser entendida, é que a semente só frutifica se vier a morrer. O Senhor Jesus declarou isto:
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.”
A lição que extraímos deste paralelo entre o reino natural e o reino espiritual é que não ofertamos para recebermos, e sim, pelo propósito da entrega em si. Além de honrarmos ao Senhor, ainda estaremos suprindo as necessidades do Reino de Deus e de outras pessoas. Quando ofertamos, estamos lançando uma semente que trará uma colheita. E devemos semear com a consciência de que isto produzirá frutos, mas não podemos lançar a semente só pensando na colheita!
O desejo de abençoar nos faz abrir mão de algo que liberamos em favor do Reino de Deus ou de alguém. Esta atitude de abrirmos mão é o momento em que a semente “morre” para nós e poderá frutificar.
Uma atitude egoísta e interesseira pode impedir que a semente germine. Fazer o bem pensando em nós mesmos não é fazermos o bem de verdade, mas é usarmos do benefício como um trampolim apenas para alcançarmos a bênção! Esta é a mesma filosofia apregoada pelos espíritas. Eles fazem o bem para melhorarem o seu carma. Ou, como dizia o meu pai, eles fazem caridade passando um recibo. Mas, as Escrituras Sagradas nos ensinam a fazermos o bem sem esperarmos nada em troca:
“Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. Se amais os que vos amam, qual é a vossa recompensa? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é a vossa recompensa? Até os pecadores fazem isso. E, se emprestais àqueles de quem esperais receber, qual é a vossa recompensa? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.”
É logo depois desta afirmação, que devemos fazer o bem sem esperarmos nenhum pagamento ou retribuição, que Jesus diz que se dermos, receberemos de volta.
“Dêem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.”
Logo, não podemos negar o ensino bíblico e as promessas divinas de que todo aquele que dá recebe de volta. Mas também não podemos dar somente com a intenção de recebermos, pois aí estaríamos anulando a Lei da Colheita, pois a semente plantada, que não morre, não germina. É uma semente desperdiçada!
Tudo o que não é movido por fé e amor, em essência é pecado. Não é errado pregarmos e dizermos ao povo que, quando dão a Deus, eles recebem de volta, porque certamente este princípio é verdadeiro. Mas precisamos motivá-los a dar por amor e honra ao Senhor, bem como por misericórdia e compaixão pelos seus irmãos. Se as nossas ofertas não expressarem honra, o Senhor também não nos honrará. Ao ofertarmos por amor, e não por interesse, permitimos que a semente morra para nós. É aí que o processo de germinação ocorre e faz com que a colheita venha a seu tempo.
A oferta de Ananias e Safira não foi considerada uma semeadura que trouxe uma boa colheita, nem tampouco a oferta de Caim, lá no início da história da humanidade, porque ofertar com a motivação errada rouba de nós os benefícios prometidos por Deus.
A Palavra de Deus diz que Ele ama ao que dá com alegria, ao que se compraz no ato de dar.
PERSEVERANÇA
A semeadura deve ser uma prática regular e uma expressão de perseverança. A Bíblia nunca nos aconselha a lançarmos uma só semente! Em todos os exemplos bíblicos, há sementes que frutificam, e há sementes que não frutificam. Mas, a insistência e a constância nos levarão aos frutos:
“Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas.”
Já abordamos o princípio de que a semente tem que morrer para nós no momento da semeadura. E esta atitude, de não podermos contar com todas as sementes lançadas, retrata uma parte do ensino. Por outro lado, não podemos perder de vista que Deus quer nos manter cientes de que a colheita virá! Ele alimenta em nós uma expectativa genérica de que, em algum momento, algumas destas sementes produzirão o seu fruto.
Precisamos deste equilíbrio, de termos, por um lado, a consciência de que há bênçãos prometidas para quem aciona este princípio, e, por outro, de mantermos a consciência de darmos com o espírito e a motivação corretos.
Muitos perdem a sua colheita financeira por falta de perseverança. É como se você plantasse a sua semente na terra, e, alguns dias depois, você a cavasse para ver se ela está germinando ou não. Ou ainda, é como se você esperasse pouco tempo após o plantio, e, então, você virasse as costas para a terra semeada, desistindo da colheita, porque ela não foi instantânea.
Além de sabermos esperar, precisamos ter perseverança. Refiro-me a insistência, a continuidade, a longanimidade. Não podemos desanimar! Não podemos desistir! A colheita financeira virá somente aos que perseverarem em sua semeadura. O apóstolo Paulo ensinou isto na Epístola aos Gálatas:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.”
O texto relaciona a colheita ao fato de não desfalecermos. Portanto, não se canse nem desanime! Seja perseverante!
NÃO FAZER ALARDES
Um outro impedimento à bênção da colheita é a falta de ética na questão da discrição ao ajudarmos os outros. Se fizermos alardes com relação ao que foi feito por nós, perderemos a bênção de Deus para as nossas vidas. Esta abordagem foi feita por Jesus no assim chamado “Sermão da Montanha”:
“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”
Como no caso de Paulo, ao falar aos filipenses sobre a oferta recebida, a pessoa que foi ajudada pode fazer alardes sobre a bênção recebida, mas aquele que ajuda… jamais!
TODAS AS NOSSAS ATITUDES SÃO SEMENTES
Alguns erroneamente pensam que a semeadura (seguida de colheita) é um princípio que funciona só na dimensão material e financeira, quando se dá uma oferta em dinheiro. Mas, na verdade, assim como o emprego correto do nosso dinheiro em favor do Reino de Deus ou de pessoas nos leva a uma boa colheita, assim também as nossas atitudes erradas com relação ao uso do dinheiro são igualmente uma semeadura.
E, quando a semente é ruim, a colheita também será igualmente ruim!
Toda quebra de princípios na área das finanças é uma semeadura negativa: a retenção dos dízimos, a sonegação dos impostos, o roubo, a desonestidade nos negócios, o alarde com relação às ofertas, etc. Por isso tenho afirmado desde o primeiro capítulo que a bênção não vem apenas pela entrega dos dízimos ou das ofertas, e sim por uma soma de princípios bíblicos que são praticados em conjunto.
A forma como vivemos influi muito. Não basta fazer a coisa certa, temos que fazer do jeito certo. A semeadura não é só aquilo que fazemos, mas a forma como fazemos.
A PRÁTICA É MELHOR QUE O CONHECIMENTO
O último aspecto que eu gostaria de destacar sobre o plantar e o colher tem a ver com o aspecto prático.
A importância de conhecermos de forma mais ampla a Lei da Semeadura e Ceifa é porque este entendimento certamente nos estimulará a praticá-la. O conhecimento não fará absolutamente nada além disto. A verdade é que não interessa o quanto sabemos sobre esta lei, e sim o quanto a usamos!
Por exemplo, não interessa quem planta uma semente: se é um engenheiro agrônomo que conhece tudo sobre germinação, ou se é alguém completamente ignorante acerca de plantio. A semente brotará pelo ato do plantio, e não pelo dimensão de conhecimento de quem a plantou.
Foi Jesus que nos ensinou este princípio, com um paralelo do reino natural:
“Disse também: o reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra, e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse, sem ele saber como. A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.”
Quando comecei a praticar regularmente a lei da semeadura em minha vida, eu não conhecia tudo o que hoje eu sei que está por trás dela, mas, mesmo assim, passei a desfrutar da colheita, pois o que vale não é o quanto você conhece sobre a Lei da Semeadura e Ceifa, e sim o quanto você a pratica! Se você se tornar um “doutor” em semeadura e ceifa, mas não praticar o que você aprendeu, de nada valerá o seu conhecimento! Mas, se você perseverar em semear, você certamente colherá conforme a promessa divina!
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.