Começar a caminhar com Cristo é entrar em um processo de transformação que alcança todas as áreas da vida, inclusive os relacionamentos. Logo no início da fé, muitas mudanças são perceptíveis: a forma de viver, as prioridades e, inevitavelmente, o ambiente social.
Para muitos, esse início envolve um choque. Há o afastamento de velhos hábitos, o rompimento com ambientes que já não cooperam com a fé e a descoberta de um novo círculo de irmãos em Cristo. Mas essa transição nem sempre é simples. Às vezes, o que deveria ser um lugar de acolhimento acaba se tornando um terreno onde a maturidade precisa ser provada.
Foi assim na experiência relatada neste estudo. No livro “FAMINTOS” de Jass Strickland, ao se entregar a Cristo, o autor se viu entre dois mundos: antigos amigos cuja vida já não apontava para Cristo, e novos irmãos com quem parecia não ter nada em comum. A adaptação foi lenta. E, como acontece com muitos novos convertidos, o primeiro grande teste veio justamente onde menos se esperava: dentro da própria comunidade cristã.
Quando a ferida nasce dentro da fé
O choque não foi apenas a mudança de amizades, mas o impacto de uma ofensa. Um dos jovens do grupo, alguém respeitado, influente e ativo, espalhou boatos a seu respeito. A acusação detonou sua reputação e esfriou suas relações. A reação natural veio rápido: evitar, retribuir com indiferença e alimentar silenciosamente uma amargura que crescia sem ser percebida.
A verdade é que todos nós já caminhamos por esse terreno. Uma palavra mal dita, um julgamento injusto, um mal-entendido que se transforma em distância. E, sem perceber, o coração começa a se fechar, acreditando que está apenas “se protegendo”.
Mas foi justamente nesse lugar de dor que o Espírito Santo começou a agir.
O jejum que revelou a raiz
Meses depois da ofensa, durante um jejum simples de três dias, algo inesperado aconteceu. O autor não estava buscando tratar perdão, nem lendo sobre o assunto. Mas o Espírito Santo trouxe a ferida à luz.
Primeiro, Ele confrontou a falta de amor. Depois, expôs a amargura. E, por fim, mostrou como aquela raiz estava contaminando relacionamentos e o afastando da graça.
As passagens que o Espírito trouxe foram:
“Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados.”
1 Pedro 4.8
“Cuidem para que ninguém fique afastado da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando, cause perturbação, e, por meio dela, muitos sejam contaminados.”
Hebreus 12.15
Foi, então, que o Espírito o questionou:
“Seu amor é intenso o suficiente para cobrir a falha do outro?”
E, em seguida:
“Quantas pessoas sua amargura tem contaminado, incluindo você mesmo?”
A amargura destrói mais quem a carrega do que quem a provoca.
O perdão como prática da graça
Perdoar não é negar a dor, nem justificar o que foi feito. É responder ao Espírito Santo quando ele ilumina o coração e mostra o caminho. E esse caminho sempre envolve graça: recebida, praticada e compartilhada.
No caso do autor, o jejum não era sobre relacionamentos, mas Deus usou aquele tempo para corrigir o coração e libertar da raiz que o prendia. O perdão não apagou o passado, mas impediu que a ferida continuasse definindo o presente.
Da mesma forma, o Espírito Santo continua conduzindo cada um de nós a esse mesmo lugar: onde a luz dele expõe, cura e transforma. Nenhum de nós está imune a ser ferido, mas também nenhum de nós está condenado a carregar amargura.
O perdão é fruto da ação do Espírito em um coração que se rende.
E essa rendição, quando acontece, devolve vida, sensibilidade e graça.
ESTUDO BASEADO NO LIVRO “FAMINTOS” DE JESS STRICKLAND. ADQUIRA JÁ EM ORVALHO.COM