Há um texto em Efésios onde o apóstolo Paulo fala da compreensão que lhe foi dada por revelação do Espírito quanto ao mistério da Igreja.
“…fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade…”
O interessante é que os capítulos 1 e 2 de Efésios podem ser reconhecidos como alguns dos mais profundos capítulos da Bíblia, e Paulo depois de tê-los escrito chama a atenção dos irmãos de Éfeso para a profundidade da sua compreensão. E, ironia ou não, ainda diz que escreveu com “poucas palavras” (v.3), ou seja, resumidamente.
O apóstolo Paulo destaca-se grandemente no Novo Testamento pelas revelações profundas que Deus lhe deu. E quando menciono as revelações profundas, não estou falando necessariamente acerca de experiências como visões, êxtases e arrebatamentos. Falo sobre COMPREENSÃO das Escrituras.
Sabemos, porém, que sua compreensão não vinha unicamente dos estudos. O estudo produz informação, mas, é só por revelação do Espírito Santo que experimentamos a compreensão, que é bem diferente! Fica claro porém que a compreensão de Paulo não está ligada apenas aos seus estudos, mas sim à revelação do Espírito Santo.
QUAL ERA SEU SEGREDO?
Nosso interesse não é apenas saber quanta compreensão Paulo tinha, mas como ele chegou lá. Vivemos dias onde procura-se de todas as formas saber o segredo dos homens e mulheres de sucesso, para que se possa usá-lo como modelo! E o próprio Paulo chama a atenção dos seus discípulos para que o tivessem por modelo, tornando-se seus imitadores.
Se você pudesse perguntar a Paulo o que o levou a tamanha compreensão espiritual, você o faria? Eu com certeza o faria! Durante muito tempo questionei-me acerca disto, até que um dia deparei-me com algo que parecia ser a resposta exata que Paulo daria a mim.
Antes de mais nada quero lembrar-lhe que Paulo tinha muita informação. E embora o conhecimento em si queira dizer que há compreensão, a revelação só opera onde há informação! Se você não lê a Bíblia nunca, não espere ter revelação alguma, pois a revelação é a ação do Espírito que transforma a informação em compreensão.
ELE DISSE AOS CORÍNTIOS
Quando Paulo escreve aos crentes de Corinto ele diz algo muito importante acerca de si mesmo e das suas práticas na vida em Deus:
“Dou graças a Deus, que falo em línguas mais que vós todos.”
Por que ele dá graças a Deus? Porque isso era algo maravilhoso em sua vida!
Ele não somente agradece a Deus por falar em línguas, mas sim por fazê-lo mais do que todos os coríntios!
O que está em questão é o “mais”. Paulo usava bastante a linguagem de oração do Espírito Santo e creio que isto está intimamente ligado ao conhecimento por revelação. O que fala em línguas edifica-se a si mesmo; ou seja, há benefícios nesta prática! Não é algo dado por Deus para se perder tempo, é para edificação, crescimento. Se o apóstolo orava muito mais que todos é porque ele tinha em sua própria vida as evidências de que era uma prática edificante e frutífera.
Como é que Paulo tinha tamanha compreensão do mistério de Cristo? Como compreendia tanto os mistérios do reino, sendo o homem que mais desvendou verdades para a vida da Igreja?
Ora, ele falava muito em mistérios com Deus, e seu espírito, ao passar horas e horas em oração, absorvia as revelações. Creio que Paulo não perdia tempo; nas prisões, nas viagens, onde quer que estivesse, ele orava em línguas. Orava mais do que todos os Coríntios.
Por isso ele estava dizendo àqueles irmãos algo semelhante a isto: “se há alguém que de fato valoriza e pratica a oração no Espírito Santo, este alguém sou eu! E dou graças a Deus por isto, pois por meio desta prática tenho crescido muito em Deus e na revelação de sua Palavra.”
ISAÍAS PROFETIZOU
Como ter certeza de ser esta a convicção de Paulo? Considerando que quando ele escreveu a Coríntios (1 Co 14.21), citou esta profecia de Isaías:
“Na verdade por lábios estranhos e por outra língua falará o Senhor a este povo.”
E por inspiração do Espírito Santo, ele nos mostrou que Isaías estava profetizando acerca do falar em línguas, e que este seria um meio através do qual Deus falaria ao seu povo. Ao examinarmos o contexto desta profecia de Isaías, descobriremos vários detalhes que comprovam o que estamos dizendo:
“Ai da vaidosa coroa dos bêbados de Efraim, e da flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale dos vencidos do vinho.”
Sobre o que Deus está levando Isaías a profetizar? Ele está falando acerca dos bêbados e dos vencidos do vinho
Mas ele não fala sobre os bêbados em geral, ele fala sobre um grupo especifico:
“Mas também estes cambaleiam por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, estão tontos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte; erram na visão, e tropeçam no juízo. Pois todas as suas mesas estão cheias de vômitos e de sujidade, e não há lugar que esteja limpo.”
Que grupo é este?
Os sacerdotes e os profetas eram os responsáveis por entregarem a Palavra de Deus ao povo. O sacerdote ensinava a Lei de Moisés e o profeta exortava o povo a andar na presença de Deus anunciando também o que ocorreria em caso de
obediência ou não.
Ambos formavam o que podemos chamar de “o canal” através do qual fluía a Palavra de Deus. E o que o profeta Isaías estava dizendo é que este canal se maculara, e a Palavra de Deus já não estava fluindo com pureza, de forma límpida. O versículo 8 fala sobre a sujeira neste canal; diz que há vômito por toda parte e que não há lugar que esteja limpo em suas mesas! Este é o resultado da embriaguez: sujeira.
E que embriaguez é esta?
É a embriaguez do pecado!
NÃO HÁ CANAIS
Agora considere isto: se o sacerdote e o profeta, que eram os únicos canais para o fluir da Palavra, estavam obstruídos, então de que modo Deus faria fluir sua Palavra?
É disto que a profecia então passa a falar:
“Ora, a quem ensinará ele o conhecimento? e a quem fará entender a mensagem? Aos desmamados, e aos arrancados dos seios? Pois é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali,”
A quem Deus ensinaria o conhecimento?
A quem Deus faria entender a mensagem, se os únicos canais para isto não estavam disponíveis?
Na falta dos profetas e sacerdotes, como Deus falaria com seu povo?
Como os ensinaria?
Como transmitiria sua Palavra?
“Na verdade por lábios estranhos e por outra língua falará a este povo; ao qual disse: Este é o descanso, dai
descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir. Assim pois a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito; regra sobre regra.” Isaías 28.11-13a
Por lábios estranhos e outras línguas. O versículo 13 diz: “assim pois”. Você pode ler esta expressão como: “desta maneira” ou “deste modo” a Palavra do Senhor lhes seria preceito sobre preceito…
Isaías profetizou que o falar em línguas se tornaria um meio de transmissão da Palavra de Deus!
Ao falar em línguas você está falando mistérios, está falando acerca dos tesouros da sabedoria e da ciência que estão escondidos em Cristo. E à medida que ora, seu espírito absorve a revelação que posteriormente passará à sua mente.
Paulo orava muito em línguas. Paulo compreendia muito as Escrituras.
Seria este o segredo de Paulo?
Há base suficiente para concluirmos assim, pois um dos benefícios do falar em línguas é justamente a compreensão das verdades de Deus, e ele dedicava-se a esta prática.
Se você deseja receber o conhecimento por revelação, deve dedicar-se a esta prática. Ore no Espírito Santo e você experimentará por si mesmo o quanto isto é real.
Tenho comprovado na minha própria vida a realidade disto; procuro gastar tempo com a Palavra e valorizo a leitura e estudo, mas posso dizer que a maioria de tudo que ensino tem vindo por meio deste maravilhoso canal que o Senhor nos deu. Muitas vezes, quando estou orando no Espírito, uma compreensão profunda de determinados assuntos brota no meu íntimo. Em segundos, recebo uma compreensão tamanha de certos princípios bíblicos que levarão horas para serem ensinados. Não encontro palavras ou ilustrações que possam descrever a beleza e a profundidade deste meio divino de comunicação de verdades da Palavra; tudo o que posso dizer é que funciona! E hoje sei muito bem porque o diabo luta tanto para afastar-nos desta prática; ele não tem interesse algum em que
compreendamos a Palavra!
Descubra em sua própria vida que este era o segredo de Paulo e que será funcional para qualquer um que o pratique, pois é um princípio estabelecido por Deus.
Texto extraído do livro “O Falar em Línguas – A Linguagem Sobrenatural de Oração”
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.