Podemos simplificar o jejum e torná-lo uma disciplina em nossas vidas, cultivando sensibilidade aos direcionamentos do Espírito Santo.
A bíblia nos ensina diferentes modos de jejuar, nos dá a liberdade para escolhermos. Há exemplos de jejuns coletivos, pessoais e até convocados, todos com o mesmo objetivo: buscar a Deus.
FORMAS DE JEJUM: REGULARES E OCASIONAIS
“Mas, aos dez dias deste sétimo mês, será o Dia da Expiação; façam uma santa convocação e humilhem-se; tragam uma oferta queimada ao Senhor.”
Essa passagem remete ao Dia da Expiação, jejum coletivo de todo povo de Israel imposto pelo próprio Deus, todos se humilhavam como simbolismo da expiação dos pecados, aquele que descumprisse essa ordem seria eliminado do povo, uma prática anual realizada pelos judeus. O Senhor preza pela comunhão, desde o início quis que tivéssemos um relacionamento com Ele, e além do jejum instituído por Deus, haviam outros jejuns autoimpostos celebrados entre os judeus ( ex: Zacarias 8.19; Jeremias 51.1-7; 2 Reis 25.1)
Ou seja, o jejum como forma de proximidade com o Senhor era um padrão, por outro lado, podemos citar a prática de jejuns ocasionais, em situações que fugiam do controle.
“Depois disto, os filhos de Moabe e os filhos de Amom, com alguns dos meunitas, vieram para fazer guerra contra Josafá. Então vieram alguns que avisaram Josafá, dizendo: — Uma grande multidão está vindo contra Judá, do outro lado do mar Morto, da Síria. Eis que eles já estão em Hazazom-Tamar, que é En-Gedi. Então Josafá teve medo e decidiu buscar o SENHOR; e proclamou um jejum em todo o Judá. Judá se congregou para pedir socorro ao SENHOR. Também de todas as cidades de Judá veio gente para buscar o SENHOR.”
Esse jejum foi imposto por Josafá, todo o povo obedeceu à ordem e buscou ao Senhor, pedindo por proteção e socorro. Certamente esse jejum ocasional surgiu de uma situação inesperada, assim como em nossas vidas podemos receber direcionamentos específicos do Espírito Santo em situações que fogem do nosso controle e colocar em prática uma busca intencional por Deus.
FORMAS DE JEJUM: PESSOAIS E PÚBLICOS
Em Mateus 6 Jesus falou sobre “jejuar em secreto”:
“Mas você, quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, 18 a fim de não parecer aos outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa.”
Há um aspecto pessoal na prática do jejum, uma busca particular e de intimidade com Deus.
No Novo Testamento há jejuns públicos praticados pela igreja:
“Enquanto eles estavam adorando o Senhor e jejuando, o Espírito Santo disse: — Separem-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e impondo as mãos sobre eles, os despediram.”
Toda a igreja reunida estava em jejum, sensíveis ao Espírito Santo eram capazes de entender e obedecer a sua ordem.
No Antigo Testamento o profeta Joel declarou: “proclamem um santo jejum, convoquem uma reunião solene.”(Joel 2.15), um exemplo de jejum público convocado por um líder inspirado por Deus.
FORMAS DE JEJUM: VOLUNTÁRIOS E INVOLUNTÁRIOS
Pastor Luciano Subirá, em seu livro A Cultura do Jejum, destaca haver uma distinção nas palavras de Paulo, entre jejuar e passar fome: “passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum.”(2 Coríntios 11.27). Existe uma diferença entre não comer quando se tem opção, e não comer por não ter alimento, isso não significa que mesmo em ocasiões de jejum involuntário, não podemos associar a orações e atitudes que regem um jejum voluntário.
Podemos acabar jejuando involuntariamente por diversas razões, falta de tempo, perda do apetite, etc. Não precisamos necessariamente aproveitar esses momentos para propósitos espirituais, mas podemos fazê-lo.
Em Marcos 6.31 os discípulos de Jesus não tinham tempo nem para comer. Paulo relata em Filipenses 4.12 momentos de dificuldade em que sentia fome e passava por necessidades. Precisamos conservar atitudes corretas em tempos de abstinência, esperando pela provisão divina. Pastor Luciano Subirá ressalta que nesses momentos de jejuns não programados, podemos aproveitar para não murmurar e dedicar-nos a Deus.
FORMAS DE JEJUM: ESCOLHA PRÓPRIA OU DIREÇÃO DE DEUS
Podemos jejuar quando somos direcionados por Deus e também por vontade própria. Jesus deixou claro que espera que jejuemos, assim como devemos orar e ler a bíblia o jejum deve se tornar uma prática na vida do cristão. Pastor Luciano Subirá, traz uma excelente observação de Valnice Milhomens em seu livro A Cultura do Jejum:
“Não precisamos de uma direção extra para fazer o que a Bíblia já deixou claro como um princípio ou norma de vida.”
Podemos simplificar o jejum e torná-lo uma disciplina em nossas vidas, cultivando sensibilidade aos direcionamentos do Espírito Santo.
TIPOS DE JEJUM: JEJUM TOTAL
O jejum total é a abstinência completa de alimentos e água, um dos jejuns mais sérios.
No Antigo Testamento Ester requisita um jejum total ao povo judeu. O rei de Nínive no livro de Jonas, faz o mesmo decreto: “ninguém — nem mesmo os animais, bois e ovelhas — pode comer coisa alguma; não lhes deem pasto, nem deixem que bebam água.” (Jonas 3.7). No Novo Testamento Paulo, fez três dias de jejum absoluto (Atos 9.9).
Não costumamos encontrar nos registros bíblicos, jejuns absolutos, com uma duração maior do que três dias. O corpo humano, necessita de água para não sofrer sérios danos. Portanto, há exceções, Luciano Subirá trata esses casos como Jejum Sobrenatural.
TIPOS DE JEJUM: JEJUM NORMAL
No jejum normal não há consumo de alimento, mas sim, de água. Em Lucas 4.2 a bíblia diz:
“Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.”
Não há menção de que Cristo não bebeu. Em Esdras 10.6 a Bíblia é clara ao mencionar que não houve ingestão de água por conta da abstinência:
“Esdras se retirou de onde estava, diante da Casa de Deus, e foi para a câmara de Joanã, filho de Eliasibe. Ao entrar ali, não comeu pão nem bebeu água, porque pranteava por causa da infidelidade dos que tinham voltado do exílio.”
Entendemos que quando a bíblia não detalha essa especificidade, é porque houve ingestão de água. Portanto, o jejum normal é a abstinência alimentar, contudo sem privação da água, diferente do jejum total.
TIPOS DE JEJUM: JEJUM PARCIAL
O jejum parcial é aquele em que o jejuador se propõe a privação de certos tipos de alimentos, o exemplo mais claro dessa abstinência é o de Daniel:
“Naqueles dias, eu, Daniel, fiquei de luto por três semanas. Não comi nada que fosse saboroso, não provei carne nem vinho, e não me ungi com óleo algum, até que passaram as três semanas.”
O propósito de Daniel com o jejum, era espiritual. Um homem que vivia uma vida de disciplina. Logo no primeiro capítulo Daniel decide não se contaminar com as iguarias do rei, sua escolha era baseada em valores espirituais, no capítulo dez, mencionado acima, o profeta faz uma escolha de abster-se, e no fim desse período um anjo de Deus falou com Daniel: “dispôs o coração a compreender e a se humilhar na presença do seu Deus.” (Daniel 10.12), uma aprovação de seu ato.
Se almejamos a cultura do jejum, devemos ter regularidade e também podemos aderir ao que o pastor Luciano Subirá chama de “vida jejuada”. Outro exemplo é o de João Batista, que além das restrições do nazireado se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. A decisão de João foi de abster-se de alimentos, vivendo uma “vida jejuada”, uma vida de abstenção alimentar parcial com benefícios para o corpo e espírito.
O jejum parcial é a melhor forma de iniciar os jejuns. Pode servir como preparação para votos prolongados.
TIPOS DE JEJUM: JEJUM SOBRENATURAL
Existem relatos bíblicos de jejuns que aconteceram de forma sobrenatural, Moisés ficou 40 dias sem comer e nem beber:
“E Moisés esteve ali com o SENHOR quarenta dias e quarenta noites. Não comeu pão nem bebeu água. E escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras.”
Para o corpo humano é impossível ficar esse tempo todo sem beber água ou comer, via de regra os jejuns com abstinência total duram em média três dias, como nos casos de Jonas, Ester e Paulo em sua conversão. Com Moisés foi diferente, ele esteve imerso na glória divina por quarenta dias. Um evento sobrenatural!
Jesus, embora tenha jejuado o mesmo tempo, nada comeu e teve fome (Lucas 4.2). Luciano Subirá traz em seu livro A Cultura do Jejum, o seguinte argumento apresentado na Bíblia de Estudo Pentecostal:
“Pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não de água. Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez que Cristo teve que enfrentar a tentação como representante do homem Ele não poderia empregar nenhum outro meio para vencê-la além do de um homem cheio do Espírito Santo.”
Jesus jejuou os quarenta dias como homem.
Elias, também viveu uma experiência sobrenatural do jejum:
“Levante-se e coma. Elias olhou e viu, perto da sua cabeça, um pão assado sobre pedras em brasa e um jarro de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir. O anjo do SENHOR voltou, tocou nele e lhe disse: — Levante-se e coma, porque a viagem será longa. Então Elias se levantou, comeu e bebeu. E, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.”
Com a força daquela comida, Elias conseguiu andar por quarenta dias. Ele foi sobrenaturalmente alimentado.
Pastor Luciano Subirá cita o Irmão Yun, que fez um jejum de 74 dias sem comer e nem beber água, enquanto era prisioneiro na China. Não existe outra explicação, senão uma intervenção sobrenatural. Só Deus é capaz de alterar o curso natural do corpo humano para passar por esse processo e que ao fim dele sobreviva.
A DURAÇÃO DE UM JEJUM BÍBLICO
A Bíblia não determina regras quanto a duração do jejum, cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua. Há exemplos nas Escrituras de variadas durações, que não determinam, necessariamente, a duração do nosso jejum, mas nos dá perspectivas sobre a possibilidade de jejuns maiores.
- Um período do dia: Juízes 20.26.
- 1 dia: Levítico 16.19-31.
- 3 dias: Ester 4.16; Atos 9.9.
- 7 dias: 1Samuel 31.13; 2Samuel 12.15-18.
- 14 dias: Atos 27.33.
- 21 dias: Daniel 10.3
- 40 dias: Êxodo 34.28; Lucas 4.1,2.
Que Deus te abençoe em sua jornada, e que você sempre se lembre que o principal motivo para o jejum é a busca por mais de Deus.
Texto baseado no curso e no livro A Cultura do Jejum do Luciano Subirá acesse: loja.orvalho.com
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.