Uma outra maneira como Deus se torna parte em nosso casamento é como modelo e referência para nossas vidas. O Senhor é o padrão no qual devemos nos espelhar
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados”
O Novo Testamento revela com clareza que o plano divino para cada de nós é conformarmo-nos com a imagem do Senhor Jesus Cristo.
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmão”
As Escrituras declaram que fomos “predestinados” (destinados de antemão) para sermos conformes à imagem de Jesus. Cristo é nosso referencial de conduta. O apóstolo João declara que “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1 Jo 2.6). O apóstolo Pedro afirmou que devemos seguir os Seus passos, o que significa: caminhar como Ele caminhou (1 Pe 2.21). A transformação que experimentamos na vida cristã é progressiva (a Bíblia chama “de glória em glória”) e tem endereço certo: tornarmo-nos semelhantes a Jesus (2 Co 3.18).
O Senhor Jesus atribuiu ao “coração duro” o grande motivo da falência do matrimônio (Mt 19.8). As promessas de Deus ao Seu povo no Antigo Testamento eram de um transplante de coração (Ez 36.26); o Senhor disse que trocaria o coração de pedra (duro, da natureza humana decaída) por um coração de carne (maleável, com a natureza divina). A nova natureza deve afetar nosso casamento. Se Deus passar a ser o modelo ao qual os cônjuges buscam se conformar, certamente se aproximarão um do outro e viverão muito melhor.
Pense em dois cônjuges cristãos manifestando as nove características do fruto do Espírito (G1 5.22,23): amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Se manifestarmos a natureza de Deus, andaremos na plenitude do propósito divino para os relacionamentos. Cresci ouvindo meu pai dizer (e aplicar em relação ao casamento) o seguinte: “Quando duas coisas se parecem com uma terceira, forçosamente, serão iguais entre si”. Ele dizia que se o marido e a mulher vão se tornando parecidos com Deus, então eles ficam mais parecidos um com o outro.
Quero falar de apenas três valores (entre muitos) que encontramos na pessoa de Deus e que deveríamos reproduzir em nossa vida espiritual matrimonial. Certamente muitos casamentos podem ser salvos somente por praticar estes princípios: amar, ceder e perdoar.
A IMPORTÂNCIA DE AMAR
Se Deus será parte de nosso casamento como modelo e referência, então temos que aprender a andar em amor, uma vez que as Escrituras nos revelam que Deus é amor (1 Jo 4.8). A revelação bíblica de que Deus é amor não foi dada apenas para que saibamos quem Deus é, mas para que nos tornemos imitadores d’Ele:
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave”
Há diferentes palavras usadas no original grego (língua em que foram escritos os manuscritos do Novo Testamento) para amor: “eros” (que retrata o amor de expressão física, sexual), “storge” (que fala do amor familiar), “fileo” (que aponta para o amor de irmão e / ou amigo ) , e “ágape” (que enfoca o amor sacrificial). Quando a Bíblia fala do amor de Deus, usa a palavra “ágape”; este é o amor que devemos manifestar.
Ao escrever aos coríntios, o apóstolo Paulo ensina como é a expressão deste amor:
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúme, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
Se imitarmos a Deus e manifestarmos este tipo de amor, as coisas certamente serão bem diferentes em nosso matrimônio!
A IMPORTÂNCIA DE CEDER
A grande maioria das brigas e discussões gira em torno de quem está certo, de quem tem razão. Muitas vezes, não vale à pena ter a razão; há momentos em que a melhor coisa é ceder, quer isto seja agradável, quer não. Observe o que Jesus Cristo nos ensinou a fazer:
“Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que Ihe emprestes”
Se seguirmos a Deus, como nosso modelo e referencial e aos seus princípios, o casamento tem tudo para funcionar. O matrimônio não é um desafio por causa da pessoa com quem convivemos, e sim porque esse convívio suscita nossa carnalidade e egoísmo e mostra quem nós somos. A dificuldade não está no cônjuge, e sim na nossa inaptidão em ceder. Se amadurecermos nesta área, nossa vida conjugal definitivamente colherá os frutos.
A IMPORTÂNCIA DE PERDOAR
Se imitarmos nosso modelo e referencial, que é Deus, e perdoarmos como Ele perdoa como um ato de misericórdia e não de merecimento; incondicional e sacrificialmente – levaremos nosso relacionamento a um profundo nível de cura, restauração e intervenção divina. A instrução bíblica é muito clara em relação a isto:
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”
Concluindo, sem Deus (presente, intervindo e como nosso referencial) no casamento será impossível viver a plenitude do propósito divino para o matrimônio, mesmo um casal que nunca se divorcie viverá toda sua vida conjugal aquém do plano de Deus. Por melhor que pareça sua relação aos olhos humanos, ainda estará distante do que poderia e deveria viver.
Texto extraído do livro “O Propósito da Família”
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.