Há uma afirmação na carta aos efésios que penso ser reveladora. Paulo fala da necessidade de o cristão abandonar o velho comportamento, em contraste à forma como se ensinava:
“Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais , tendo- se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza . Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”
Observe a frase “não foi assim que aprendestes a Cristo”. Os apóstolos não ensinavam apenas a respeito de Cristo, mas ensinavam a Cristo. Há uma diferença entre uma coisa e outra. Falar acerca de Jesus gera informação sobre quem Ele é. Ensinar a Cristo é orientar cada cristão a reproduzir a imagem e o comportamento de seu Senhor.
Um livro que li ainda na adolescência e me ajudou muito foi o clássico de Charles Sheldon, “Em Seus Passos, o Que Faria Jesus?”. Escrito em 1986, nos Estados Unidos, apresenta uma história fictícia em que Henry Maxwell, pastor da Primeira Igreja da cidade de Raymond, entra em crise após o dia em que recebe, em sua igreja, um homem pobre e necessitado. O episódio leva Maxwell a questionar valores e a colocar seu modo de vida
e suas prioridades em perspectiva . Surge diante daquele pastor a seguinte questão: “O que Jesus faria?”.
A partir disso, em seus sermões, ele propõe aos fiéis que se comprometam por um ano a não fazer nada sem antes questionar o que Jesus faria na mesma situação. O desenrolar da história descreve como uma cidade foi revolucionada a partir daquela simples reflexão antes de agir. A evidente mudança de comportamento de cada um daqueles cristãos chacoalhou o município inteiro. Ainda me pergunto qual seria o impacto na sociedade de hoje se cada um de nós, de fato, passasse a viver e a agir como Jesus.
O romance de Sheldon, mesmo não sendo real, não é diferente da forma como a Igreja trabalhava nos tempos apostólicos. Ela ensinava sobre Cristo!
Orientava os novos discípulos a andar nos passos de seu Senhor:
“Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.”
Pregava sobre andar como Ele andou:
“Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.”
Todos deveriam imitar Cristo:
“E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.”
E os apóstolos aprenderam com quem? Com o próprio Jesus . Ele deu-lhes ensinamentos e demonstrou ser o padrão, o referencial. Depois de lavar os pés dos discípulos, dando uma aula prática de humildade e serviço, declarou:
“Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros . Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.”
Jesus é o padrão e o modelo. Ele quer transferir Seu estilo de vida e comportamento para nossa vida! Foi nosso Senhor quem disse:
“Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”
Que Ele seja nosso alvo, nossa meta de crescimento. Que a reprodução de Sua imagem e de Seu caráter encontre lugar em nosso viver. Que, por caminhar tão perto, tornemo-nos como Ele é!
Texto extraído do livro “Maturidade, o Acesso à Herança Plena”
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.