Ao falarmos sobre a contribuição, não tornamos o assunto completo, apenas reconhecendo o memorial de contribuição que há perante o Senhor – nem mesmo ao explicarmos os três níveis de contribuição: dízimos, ofertas, e esmolas. Para crescermos nesta prática e nos benefícios que dela colhemos em nossas vidas, precisamos entender algumas das leis da contribuição estabelecidas nas Escrituras Sagradas.
Longe de abrangermos tudo o que a Bíblia ensina sobre o assunto, limitamo-nos a compartilhar, neste estudo, algumas das leis que temos descoberto e praticado.
EXPRESSÃO DE GRATIDÃO
Expressamos um sentimento de gratidão ao Senhor ao contribuirmos. Mas, por detrás do sentimento, encontra-se também a obediência a um princípio ou mandamento. Quando as Escrituras declaram que “Deus ama ao que dá com alegria” (2 Co 9.7), não quer dizer que a alegria coloca a contribuição numa condição opcional, e sim que Ele Se agrada de um coração que obedece alegremente um mandamento. Não contribuir, de acordo com o preceito bíblico, é andar desordenadamente, o que nos privará da plenitude de Deus.
“Mordomia” é a consciência de que nada do que temos nos pertence, e sim ao Senhor, e que devemos administrar os nossos bens para Ele da melhor maneira possível. A contribuição, por outro lado, é um contínuo lembrete de que somos mordomos e que não deveríamos nos apegar ao que não é nosso.
EXPRESSÃO DE GRATIDÃO
“Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.”
Não adianta dizermos que, quando Deus nos der mais dinheiro, então passaremos a contribuir. Se não o fizermos com o pouco que temos, não o faremos depois. Quem não dá dez por cento de cem reais de renda não dará dez por cento de uma renda de mil reais. Se você não conseguir fazer isto enquanto tiver pouco, não conseguirá fazê-lo depois. A corrupção está dentro do ser humano. O dinheiro somente traz à tona o que já existe por lá! Por isso precisamos de disciplina no contribuir, independentemente de acharmos que fará diferença ou não!
Através das nossas contribuições, temos a oportunidade de nos exercitarmos na fidelidade. Pela disciplina da contribuição contínua, o nosso coração é treinado e o nosso caráter é aperfeiçoado. Precisamos ser fiéis ao Senhor e não aceitar nenhum tipo de desculpas para não contribuirmos.
SEGUNDO AS NOSSAS POSSES
Um outro princípio bíblico acerca da contribuição é que ela deve ser feita conforme a nossa prosperidade:
“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.”
Ou seja, o Senhor não pede de alguém o que não esteja ao seu alcance. Algumas vezes vemos na Bíblia Deus pedindo algo precioso, como Ele fez com Abraão. Outras vezes vemos pessoas ofertando tudo o que possuíam, de modo sacrificial, e não podemos negar que o Espírito Santo possa tê-las movido em seu íntimo a agirem assim. O importante, no entanto, é não perdermos de vista o propósito de Deus:
“Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.”
A contribuição é aceita segundo o que você tem, ou, em outras palavras, de acordo com as suas posses. Ninguém precisa ter um peso em seu coração por não poder ofertar mais. Algumas vezes tenho enfrentado momentos de tristeza em meu coração por não poder ofertar mais. Eu amo a causa do Evangelho, e, muitas vezes, eu gostaria de poder ter feito bem mais, de ter ido além do que eu já fiz na área das contribuições. Mas me conforta saber que Deus não espera de nós mais do que aquilo que podemos fazer. Ele espera que façamos a nossa parte – e que sejamos fiéis na parte que nos toca! Há um exemplo bíblico indiscutível acerca disto:
“Estando Jesus a observar, viu os ricos lançarem suas ofertas no gazofilácio. Viu também certa viúva pobre lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Verdadeiramente, vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque todos estes deram como oferta daquilo que lhes sobrava; esta, porém, da sua pobreza deu tudo o que possuía, todo o seu sustento.” (Lucas 21.1-4)
Deus não vê e nem tampouco compara números. Ele vê a disposição do coração (e também a limitação da renda, das posses). Quem possui mais não é melhor do que aquele que tem menos condições, ainda que tenha a capacidade de ofertar mais. Quando Jesus foi dedicado no Templo, os Seus pais deram uma oferta de pessoas de menor poder aquisitivo, e, no entanto, esta oferta não perdeu o seu valor.
EXPRESSÃO DE GENEROSIDADE
“Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza. E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.”
Deus não aceita o que é uma expressão de avareza. Em Atos 5, vemos que Ananias não foi generoso; pelo contrário, ele foi avarento e orgulhoso, e somente quis ficar em evidência com a sua oferta.
Deus não está atrás do nosso dinheiro, mas da nossa expressão de generosidade! Sem isto, a nossa oferta não vale nada! Deve haver em nós alegria ao contribuirmos. O apóstolo Paulo se referiu a isto como sendo uma “graça” (2 Co 8.4). É um privilégio servirmos a Deus com os nossos bens, e o Senhor não quer que o façamos por constrangimento, mas de coração! Não basta fazermos a coisa certa; temos que fazer do jeito certo. Dar é a coisa certa, mas dar generosamente é fazer do jeito certo. No Antigo Testamento Deus ordenou que o povo de Israel ajudasse aos pobres; mas advertiu a que fizessem da forma correta:
“Livremente, lhe darás, e não seja maligno o teu coração, quando lho deres; pois, por isso, te abençoará o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo o que empreenderes.”
O Senhor não queria apenas que os pobres fossem socorridos, mas que aqueles que os ajudassem o fizessem com um coração correto. Deveriam ser movidos não só pela obrigação de ajudar, mas por um coração que se regozija ao ajudar alguém.
Escrevendo a Timóteo, Paulo pediu que ele exortasse “os ricos deste mundo a serem generosos ao dar”. Não bastava que eles fossem indivíduos que doassem dos seus bens e renda; as suas dádivas deveriam refletir generosidade.
“Exorta aos ricos do presente século… que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.”
Uma boa forma de se medir se você é generoso na hora de ofertar é comparando-se quanto dinheiro você investe na Casa do Senhor com quanto você investe em seus entretenimentos e hobbies. Não consigo entender, por exemplo, um cristão que oferta menos do que aquilo que ele gasta na vídeo-locadora!
As Escrituras Sagradas nos revelam que, quando Jesus esteve no Templo de Jerusalém, Ele Se assentou diante do cofre das ofertas para ver como as pessoas contribuíam (Mc 12.41-44). Não está escrito que Jesus observava quanto ofertavam e sim como o faziam!
O texto mostra que muitos ricos lançavam ali muito dinheiro, mas, apesar de darem mais em comparação com os outros, eles não estavam dando nada além da sua sobra. Se as suas ofertas fossem comparadas com o seu poder aquisitivo, não se podia dizer que estavam dando muito.
Muitos crentes ofertam tão somente por obrigação; outros o fazem apenas por medo do Devorador. Outros, ainda, ofertam com a motivação de querer multiplicar o seu dinheiro. No entanto, a alegria do coração do verdadeiro doador é poder expressar diante de Deus a sua generosidade. É dar substancialmente!
PERIODICIDADE E CONSTÂNCIA
Este aspecto é muito importante. Há pessoas que testemunham que fizeram ofertas de sacrifício, e que houve ocasiões em que o Senhor tocou os seus corações para fazerem algo especial, mas, apesar destas experiências, elas não vivem uma prática regular e constante de contribuições. Paulo ensinou aos coríntios que devemos fazer isto de forma planejada e periódica:
“No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.”
O apóstolo ensinou que a contribuição deveria ser pessoal, constante, e programada. A Igreja também deveria perceber aqui um princípio administrativo interessante: a necessidade de trabalharmos com fundos que servirão a propósitos específicos e previamente programados.
Também vale ressaltar que a expressão “conforme a sua prosperidade” sugere o cuidado da família antes do resto do mundo, sempre obedecendo-se à clássica ordem de prioridades: Deus, família, igreja, e depois os outros.
No próximo capítulo falaremos sobre a importância de semearmos com regularidade e perseverança. A Bíblia nos ensina que depois de termos começado a fazer o bem, não podemos desanimar no sentido de continuarmos a fazê-lo. A bênção do Senhor virá sobre os que não desfalecem, sobre os que não se cansam, nem se desanimam. Esta é a instrução bíblica:
“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
As suas emoções, e até mesmo o próprio Diabo, com as suas sugestões malignas, tentarão desanimá-lo. Contudo, persevere e continue contribuindo periódica e constantemente.
PROVA DE OBEDIÊNCIA
Um outro aspecto interessante, usado na Bíblia em associação com a idéia de contribuição, é a questão da obediência. Paulo falou disto em sua Epístola aos Coríntios:
“Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus, visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos.”
As minhas contribuições em todos os seus níveis (dízimos, ofertas e esmolas) são uma prova da minha obediência a Deus. Era assim que os líderes entendiam esta questão no início da Igreja. Quando viam as pessoas ofertando, eles entendiam que havia uma relação entre a sua liberalidade e a sua obediência ao Senhor e à Sua Palavra. Portanto, se nós somos falhos nesta área, estamos demonstrando quem realmente somos nas demais áreas! Além disso, Deus não precisa tanto da nossa contribuição quanto nós precisamos da Sua bênção por praticá-la!
Eu tenho um critério pessoal na escolha das pessoas que eu levanto para trabalharem comigo no ministério. Eu não me disponho a investir “pesado” em suas vidas e ministérios, se eu não perceber nelas uma grande disposição de semearem no Reino de Deus. Acredito que isto seja uma espécie de “termômetro de obediência”. Quem não obedece a Deus no dar também não O obedecerá em outros níveis de entrega e renúncia que o Senhor espera de nós.
Quando aquele jovem rico foi ao encontro de Jesus, ele recebeu d’Ele um convite para seguí-Lo, para ser Seu discípulo. Contudo, a condição que o Senhor lhe impôs foi vender tudo o que tinha e doá-lo aos pobres, para somente então seguí-Lo. Creio que esta condição estabelecida por Jesus foi uma espécie de peneira. Eu não acho que os ricos não possam exercer um ministério, mas creio que se não conseguirem demonstrar obediência no ato de dar, então tampouco conseguirão demonstrá-la em outras áreas.
Barnabé foi um dos ministérios de excelência do Novo Testamento, um homem com um coração pronto a investir em vidas. Entre as suas muitas virtudes, no entanto, a Palavra do Senhor destaca a sua liberalidade e prontidão de obediência nesta área específica:
“José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.”
Através das nossas dádivas, não só mantemos os nossos corações submissos a Deus, mas também transformamos o nosso dinheiro num servo dos propósitos do Seu Reino!
(Extraído do livro “Uma Questão de Honra“, de Luciano Subirá)
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.