No mês de julho de 2003, o meu filho Israel, na época com cinco anos de idade, nos deu a alegria de demonstrar que ele havia entendido a lei bíblica do dar e receber. Havíamos começado naqueles dias a dar alguns trocados a ele com a intenção de ensiná-lo a poupar o seu dinheiro. Até então nunca havíamos lhe dado dinheiro, só os presentes e as coisas que ele pedia ou precisava, mas achamos que já era hora do aprendizado. Ele ficou tão empolgado com o seu estojinho cheio de moedas que acabou decidindo levá-lo consigo à igreja, ao invés de levar algum brinquedo. Eu estava pregando fora neste domingo e não assisti à cena. Foi a minha esposa que me contou o ocorrido por telefone, mesmo antes de eu chegar em casa.
Quando o culto estava para começar, o Israel se aproximou da mãe e foi logo pedindo a costumeira oferta que ele tanto gostava de entregar ao Senhor. Contudo, reparando no estojinho de moedas que ele trazia em sua mão, a Kelly achou que também era hora de ensinar-lhe um outro princípio, e disse-lhe que desta vez ela não lhe daria dinheiro para ofertar. Ela lhe explicou que agora, diferentemente de todas as outras vezes, ele tinha o seu próprio dinheiro, e era tempo de ele aprender a dar a Deus do seu próprio dinheiro. O menino retrucou na hora: “Mas mãe, se eu der do meu dinheiro, eu vou ficar com menos!” Então, sabiamente, a minha esposa lhe explicou como Deus é a Pessoa mais importante das nossas vidas, a importância de agradá-Lo, a gratidão que devemos manifestar de tantas formas (inclusive com as nossas ofertas) e jogou a “batata-quente” nas mãos dele. Ela também lhe disse que se ele quisesse ofertar naquele dia, seria do dinheiro dele, mas que ela não o forçaria a nada! Seria ele que decidiria se ele daria ou não!
No momento das ofertas, ele foi sozinho à frente, enquanto a sua mãe atuava na equipe do louvor, e, de longe, ele lhe mostrou o dinheiro em sua mão, como quem diz: “Resolvi dar, mamãe!” E estava todo contente! No final do culto, a Kelly o abraçou e alegremente disse-lhe: “A mamãe está muito feliz por você ter decidido ofertar do seu dinheiro a Deus. Isto que você fez hoje é uma coisa muito importante!” Sem pestanejar, ele rebateu na hora: “Mas mãe, veja bem, eu sou esperto! Eu sei que Deus vai me abençoar!” E emendou a pergunta: “Quando Deus me abençoar, como vai acontecer? Vai cair dinheiro do céu, vai para o banco, como é que é?” A minha esposa lhe explicou que, normalmente, o Senhor usa pessoas para nos abençoar, que o dinheiro não cai do céu, e que a bênção não é só recebermos dinheiro de volta. Ele disse que havia entendido e afirmou que tinha certeza que Deus o abençoaria. E afirmou: “Já que Deus vai me abençoar, mãe, eu já pedi um tênis novo para Ele. Eu já falei até a cor que eu quero.”
A Kelly me contou tudo pelo telefone, e oramos que Deus usasse este momento para ensinar-lhe este princípio bíblico. Dois dias depois, na terça-feira, a Teresinha, uma irmã da nossa igreja, telefonou à Kelly, perguntando o número que o Israel calçava, e disse que estava com uma vontade muito grande de comprar um par de tênis para ele. A minha esposa lhe deu a informação e não disse nada ao meu filho. Na sexta-feira, a nossa amiga apareceu em casa com o presente, e a Kelly, depois de dar-lhe as boas-vindas, chamou o dono do presente para recebê-lo. Com os olhinhos brilhando, o Israel logo abriu o embrulho, e, ao pegar o tênis, foi logo dizendo: “Eu sabia! Da minha cor predileta! Do jeitinho que eu pedi para Deus me abençoar!” E, virando-se para a nossa amiga, disparou: “Teresinha, não foi você que me deu este presente! Foi Deus que tocou em seu coração para me abençoar, pois eu dei uma oferta do meu dinheiro no domingo, lá na igreja, e como eu sabia que Deus me abençoaria, orei para Ele me dar um tênis novo, da cor que eu mais gosto!” Quando a irmã Teresinha foi embora, ele confessou à sua mãe: “Mãe, quando abri aquela caixa e vi o meu tênis novo, eu quase chorei!” Ele quase chorou, mas todos nós choramos! Choramos pela fidelidade de Deus e pela lição que ele aprendeu, e que também, ao mesmo tempo, ensinou a todos nós!
Há um princípio poderoso na área financeira que Paulo chama de “dar e receber”. Escrevendo à Igreja em Filipos, o apóstolo agradece a ajuda financeira por eles enviada, e usa um termo interessante para falar do relacionamento entre aquela igreja e ele: “associar”.
“Todavia, fizestes bem, associando-vos na minha tribulação.”
Depois de reconhecer a parceria estabelecida, ele define o gênero desta associação estabelecida entre eles, e é aí que ele nos apresenta este poderoso princípio:
“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades.”
Dar e receber! Há uma lei instituída por Deus, segundo a qual o princípio para se receber é dar. Quando Paulo agradece pelo que recebeu daqueles irmãos, ele explica que, através daquele ato deles, eles estavam criando um espaço legal para a intervenção divina em suas vidas, para que eles pudessem receber de Deus. O receber não existe sem o dar! Ao estimulá-los na prática do dar, o apóstolo Paulo explica que ele não os ensinava com a intenção de ser beneficiado pelas dádivas que ele estava recebendo deles, mas por causa do princípio que faria com que eles recebessem mais:
“Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito.”
O apóstolo é claro em dizer que ele não estava atrás dos donativos destes irmãos, mas que o que ele na verdade queria era que o crédito deles aumentasse diante de Deus através das doações deles. Ele não estava focando só o dar, mas a inevitável conseqüência do receber.
O QUE JESUS ENSINOU
Jesus ensinou sobre “a Lei do Dar e Receber”. E revelou que ela não funciona somente em relação ao aspecto financeiro, mas também em todas as áreas das nossas vidas:
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também.”
Quem dá julgamento, recebe julgamento. Quem mede as pessoas, é medido na proporção com que mede os outros. Não há mistérios na interpretação deste princípio, pois ele é muito claro e objetivo! Foi falando destas coisas que o Senhor Jesus nos ensinou a Lei do Dar e Receber de uma forma tão explícita assim:
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.”
Quem condena, recebe condenação! Quem perdoa, recebe perdão! Quem dá, recebe dádivas de volta! Ao resumir a Lei e os Profetas, Jesus falou não somente acerca do amor, mas, em Sua expressão, Ele também incluiu a Lei do Dar e Receber:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.”
Tenho me dedicado a viver este princípio. O que eu quero que façam a mim eu também o faço aos outros. Por que? Porque tudo o que eu dou a alguém também receberei de volta! Veja o que Provérbios diz sobre isto:
“A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda. A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado.”
Ao que dá, o retorno é um acréscimo. Ao que deixa de dar (retém), o retorno é uma perda. A nossa generosidade faz com que prosperemos (através das nossas dádivas), e o que semeamos (como saciar a sede de alguém, por exemplo) colhemos (a nossa sede será saciada depois).
(Extraído do livro “Uma Questão de Honra“, de Luciano Subirá)
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.