O profeta Isaías descreve, em seu livro, uma visão extraordinária e impactante de Deus.
"No ano da morte do rei Uzias, eu vi o SENHOR assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: SANTO, SANTO, SANTO é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória."
As Escrituras falam de serafins em volta do trono. Tem havido discussão sobre o termo “serafim”, se ele é ou não uma categoria angelical ou se o termo refere-se apenas ao zelo encontrado nesses seres celestiais, uma vez que a palavra “serafim” significa “aquele que queima”. O fato que nem precisamos discutir, é o que eles faziam ali. Estavam proclamando a santidade de Deus!
Isso aconteceu cerca de setecentos anos antes de Cristo. Agora, observemos outro episódio das Escrituras, acrescentando a informação de que isso aconteceu quase cem anos depois de Cristo. Ou seja, temos cerca de oitocentos anos de diferença entre o episódio bíblico da visão de Isaías e o que vem a seguir, a visão do apóstolo João, no Apocalipse. Repare se você percebe as similaridades:
"Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás. O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando. E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso nem de dia nem de noite, proclamando: SANTO, SANTO, SANTO é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir."
Em primeiro lugar, temos Deus no trono. Em segundo, temos seres celestiais proclamando o mesmo coro ouvido por Isaías: santo, santo, santo. Em terceiro, temos que reconhecer que eles estão numa atividade contínua e ininterrupta, pois está escrito que não têm descanso, nem de dia nem de noite. Ou seja, se no livro de Isaías não dá para ter certeza de quanto tempo estava por trás daquela cena de adoração, em Apocalipse encontramos isso com clareza. Em quarto e último lugar, temos a contemplação: enquanto no livro de Isaías isso não está tão claro, uma vez que os serafins cobriam o rosto, no Apocalipse lemos que os seres viventes estão cheios de olhos, ao redor e por dentro (Ap 4.8).
A primeira pessoa que me falou sobre isso foi meu amigo Dwayne Roberts. Ele perguntou: se nós estivéssemos naquela posição dos seres à volta do trono, proclamando noite e dia, sem parar, a santidade de Deus, quanto tempo aguentaríamos? Isso me chocou. Só entre a visão de Isaías e a de João são quase oitocentos anos. Mas a Bíblia não diz quando começou e, certamente, ainda não terminou.
Recordo-me de que o Dwayne comentou, dez anos atrás, que a única coisa que não deixaria esses seres celestiais entediados (ou a gente, no lugar deles) é se, em vez de apenas repetir algo decorado, eles estivessem sendo “alimentados” por algo que contemplavam.
Sim, é disso que esse texto fala! Trata-se de contemplar a beleza de Deus e reconhecer que ele é um ser inesgotável. Era disso que Davi falava ao mencionar que queria contemplar a sua formosura. Os seres viventes também eram cheios de olhos. Isso fala não só do fato de que há muita beleza divina para poucas olhos (penso que só dois olhos como temos não são suficientes para contemplar tanta beleza!), mas também fala de foco e da busca sem distração.
Texto extraído do livro “A Palavra da Reconciliação”
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.