“Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno.”
Hebreus 4.16
A graça de Deus é um dos conceitos mais conhecidos do cristianismo, mas também um dos mais mal compreendidos. Muitas vezes ela é apresentada apenas como o favor imerecido que perdoa o pecador, e de fato, a graça é isso, mas não só isso. A graça não é apenas o meio pelo qual Deus apaga o passado; é o poder que nos capacita a viver de forma diferente no presente.
Quando Jesus perdoou a mulher flagrada em adultério, ele não apenas disse: “Eu também não a condeno.” Ele completou: “Vá e não peque mais” João 8.11. A mesma graça que a livrou da culpa lhe deu também a possibilidade de uma nova conduta. Essa é a essência da graça verdadeira: ela não encobre o pecado, ela transforma o pecador.
A graça que ensina e fortalece
Paulo explicou isso de forma muito clara quando escreveu: “A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos a renunciar à impiedade e às paixões mundanas, e a viver de maneira sensata, justa e piedosa neste mundo presente” Tito 2.11–12
É por meio da graça que aprendemos a dizer não ao pecado, porque agora há uma força divina atuando em nós, moldando nossa vontade à vontade de Deus.
Ainda que seja comum ouvir que graça é “favor imerecido”, as Escrituras revelam que ela é também força capacitadora. Quando Paulo enfrentava fraquezas e tribulações, ouviu do próprio Senhor: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12.9). Essa resposta mostra que a graça não serve apenas para nos consolar depois de cair, mas para nos sustentar quando somos tentados. É um recurso presente, disponível para quem busca ajuda antes de fracassar.
O autor de Hebreus descreve esse acesso como “trono da graça”. Diante desse trono, encontramos misericórdia para o que passou e graça para o que ainda está por vir. Jesus, nosso Sumo Sacerdote, compreende nossas tentações porque foi tentado em tudo, mas sem pecar (Hebreus 4.15). Isso significa que, em cada luta interior, há uma provisão divina para resistir.
Graça e obediência caminham juntas
Quando Paulo declarou: “Pela graça de Deus sou o que sou, e a sua graça para comigo não foi em vão; antes trabalhei mais do que todos eles, contudo não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Coríntios 15.10), ele mostrou que a graça não substitui o esforço humano, mas ela o torna eficaz. A obediência não nasce de força própria, mas de uma parceria com o Espírito Santo, que age dentro de nós para realizar o querer e o efetuar (Filipenses 2.13).
Por isso, viver sob a graça não é viver sem responsabilidade e sim viver em dependência. O pecado não domina aquele que permanece nesse lugar de comunhão e rendição:
“Porque o pecado não terá domínio sobre vocês, pois vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Romanos 6.14).
A graça, portanto, não é desculpa para a desobediência, mas o próprio meio pelo qual ela se torna possível. Ela é o poder de Deus nos ensinando a vencer o que antes nos dominava, transformando culpa em liberdade e fraqueza em força. Aproximar-se do trono da graça é reconhecer que há provisão em Cristo não apenas para ser perdoado, mas para ser transformado.
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