Em diversas passagens das Escrituras, somos confrontados com exemplos de homens e mulheres que se voltaram para o jejum como meio de buscar a direção divina ou de expressar arrependimento. Por exemplo, no livro de Atos, vemos a igreja primitiva jejuando antes de tomar decisões importantes:
“Enquanto eles estavam adorando o Senhor e jejuando, o Espírito Santo disse: — Separem-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e impondo as mãos sobre eles, os despediram.”
A disciplina espiritual do jejum não é apenas um ato de abstinência, mas um convite para a intimidade através da oração, leitura e meditação na Palavra.
Mais do que simplesmente uma questão de negar-se alimentos. É, sobretudo, um ato de humilhar a alma diante de Deus, como descrito em Salmos 35:13:
“Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas roupas eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito.”
A humilhação voluntária, descrita pelo salmista, é uma maneira de purificar o coração e renovar o espírito, permitindo-nos entrar em uma dimensão mais profunda de comunhão com o Pai.
JEJUM E REVELAÇÃO
O jejum também atua como uma porta para revelações mais profundas. No deserto, Jesus jejuou por quarenta dias e, através dessa experiência, Ele foi fortalecido para enfrentar as tentações de Satanás.
“E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.”
Perceba a ênfase dada ao jejum “ depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites”, a passagem continua com todas as tentações descritas e as respostas de Jesus. O jejum é capaz de produzir em nós a força necessária para vencer tentações, através do jejum, nossos corações se tornam mais sensíveis à voz de Deus, permitindo que recebamos direção e entendimento que vão além da capacidade humana normal.
JEJUM COMO ADORAÇÃO
Além de ser uma prática de disciplina pessoal, o jejum é uma forma de adoração. Ao jejuar, declaramos que nossa necessidade de Deus supera nossa necessidade de conforto físico. Essa oferta de si mesmo a Deus é um verdadeiro sacrifício espiritual, honrado e aceito pelo Senhor.
PODEMOS COMENTAR QUE JEJUAMOS?
"— Quando vocês jejuarem, não fiquem com uma aparência triste, como os hipócritas; porque desfiguram o rosto a fim de parecer aos outros que estão jejuando. Em verdade lhes digo que eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, a fim de não parecer aos outros que você está jejuando, e sim ao seu Pai, em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa"
Jesus condenou o exibicionismo dos fariseus que faziam questão de parecer contristos aos homens para promover uma aparente espiritualidade. Entretanto, Ele não proibiu de comentar sobre a prática de jejuar.
A orientação de Cristo sobre a discrição com relação ao jejum concorda com seu ensino sobre fazer em secreto — jejuar, orar e dar esmolas —, em uma demonstração de que estamos fazendo ao Pai Celestial, e não a homens. Contudo, há que se reconhecer que suas orientações foram dadas em um contexto muito específico: o Mestre abordava a motivação errada por trás de práticas corretas como jejum, oração e esmola.
O ponto em questão é quem recebe a glória: Deus ou o homem. Se agirmos corretamente — o que inclui um alinhamento das motivações do coração —, o Pai Celestial será glorificado.
O IMPACTO DO EXEMPLO
É preciso entender que uma prática correta de jejum, exercida com a motivação certa, torna-se exemplar e motivadora. O exemplo, a valer, carrega a melhor didática. Jesus Cristo fez uso dele intencionalmente:
"Ora, se eu, sendo Senhor e Mestre, lavei os pés de vocês, também vocês devem lavar os pés uns dos outros. Porque eu lhes dei o exemplo, para que, como eu fiz, vocês façam também."
Que o Senhor não limitou seu exemplo somente ao lava-pés, é incontestável; Ele é nosso modelo e referência em tudo — o que inclui, também, a prática do jejum. De igual modo, os que imitam Cristo também se tornam referências a serem imitadas:
“Sejam meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo”
Uma forma sábia e cuidadosa com que podemos estimular outros à prática do jejum é compartilhar nossas experiências para incentivar e aconselhar.
O jejum não é um fim em si mesmo, mas um meio pelo qual buscamos mais de Deus e menos de nós mesmos. Ao jejuar, somos levados à intimidade onde colocamos Deus acima de tudo em nossas vidas, reconhecendo nossa total dependência Dele. Que estejamos sempre dispostos a buscar o Senhor com corações sinceros e abertos, através do poderoso instrumento do jejum.
Autor: Luciano P. Subirá. É o responsável pelo Orvalho.Com – um ministério de ensino bíblico ao Corpo de Cristo. Também é pastor da Comunidade Alcance em Curitiba/PR. Casado com Kelly, é pai de dois filhos: Israel e Lissa.